Recordando...
Meus queridos:
Dou-vos os parabéns pelo tema escolhido para o vosso trabalho. Como diz o povo, tendes pano para mangas.
OH...se essas paredes falassem! Que diriam? Tanto viram, tanto ouviram...tanta coisa me vem á mente!
Frequentei o liceu Sá de Miranda entre 1955-1962. Ainda criança, pela mão de meu pai,entrei pela primeira vez nessa casa para fazer o meu exame de admissão. Senti-me num casarão desconfortável e só, no meio da multidão.
Mas adorei a minha turma do 1º ano e ainda hoje nos juntamos duas vezes por ano para matar saudades e recordar os nossos bons tempos de estudantes.
Como tudo era diferente! Havia pelos professores muito respeito mas, por vezes, mesmo medo. Trabalhava-se muito, estudava-se muito para se conseguir uma notinha menos ma. Os professores eram exigentes e não davam notas altas. Sabe Deus o que custava com alguns tirar um dez. Recordo com certa emoção a primeira professora de francês, a D. Ema, a quem presto a minha homenagem, muito mas muito exigente, competente, uma boa profissional mas que nos achávamos muito má e a dar negativas era um ás. Mas também vos posso dizer que nos exames as melhores notas eram as dos alunos dela. As aulas eram um suplicio mas o francês que hoje sei devo-o a ela. Enfim, e como ela havia mais. Recordo a D. Piedade da física e directora de ciclo que só o bater do tacão dos sapatos já nos fazia tremer. Lembro o DR. Costa Paz, sabedor, que exigia muito de nos no campo da física e quinica. Bons profs passaram por essa casa que marcaram as nossas vidas. Na altura custou muito mas hoje estamos gratos e recordamos as aulas com alegria e risos porque reconhecemos que eramos endiabrados e pregávamos partidas de meia-noite nas aulas. Bons tempos!
Era injusta se não referisse aqui a D. Maria Augusta , professora e matemática, sabedora, uma grande pegadora, uma boa amiga que ate conseguiu que muitos de nos não virássemos as costas a matemática. Para ela um grande beijo nosso e gratos pelos seus ensinamentos.
Claro esta que outros pela sua doçura, pelo seu trato, pela cumplicidade existente entre alunos e professores. Caito como exemplo o DR. Carrington que tinha um coração de ouro, a D Maria Emília Reis, a D. Maria Emília Tedim, o DR Arnaldo Pinto que tudo nos perdoava, muitos e muitos.
Já repararam que as professoras não eram tratadas por doutoras? Sabe-se la porquê.
Posso-vos dizer também algo de caracter pratico. Por exemplo, nós meninas, não subíamos esses degraus todos;a meio virávamos á direita porque era o lado feminino mas eu, no 1º e 3º anos fui de turma mista que era alvo de muita atenção. e não subíamos porquê? Para os rapazes não nos verem as perna e sempre de meias e saias compridinhas.
Para irmos ás aulas de física nos laboratórios atravessamos a cerca dos rapazes, escusado será dizer que nada de olhar para os lados e depois deles entrarem para as salas. Outros tempos...não sei se os melhores ou piores!
È com uma certa nostalgia que recordo esses tempos em que fazíamos do baile do enterro da gata e do 1º de Dezembro uma grande festa com bons bailes que contribuíram para os namoricos da época...porque do outro lado dos livros, dos exames e dessa casa também nos divertíamos á grande. Viviam-se muitas emoções ao mesmo tempo! Por isso mesmo há tanta saudade. Já estou a ser longa. Vou terminar desejando que este pequeno testemunho contribua para o enriquecimento do vosso projecto.
Votos de um bom trabalho e espero que atinjam os vossos objectivos.
Saudações amigas da
Professora Maria Elisa Marques Braga, 16 Fevereiro 2009
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